domingo, 17 de maio de 2009

A MINHA OPINIÃO SOBRE A BARRAGEM DO TUA

Barragem Foz Tua:
Cota decidida é a que tem menos impactos negativos. A barragem de Foz Tua vai mesmo ser construída a pouco mais de um quilómetro da confluência dos rios Tua com o Douro, e vai ter uma albufeira com a cota mínima de 170 metros.
A Declaração de Impacto Ambiental do Ministério do Ambiente é favorável.
O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, sublinha que a cota minima foi decisiva para a barragem seguir em frente porque, inunda uma zona mais pequena e isso tem menos impactos negativos. A barragem á cota máxima inundaria uma área considerável do vale do Tua e mais de metade da linha do Tua ainda existente.
Era uma grande perda para o país e principalmente para a região? Na minha modesta opinião acho que não. Acho que não e apontarei alguns motivos que me levam a pensar assim. Conheço esta linha do Tua há mais de 50 anos.
Nos anos sessenta e setenta, dava gosto ver a movimentação que havia nas estações do Tua. Mercadorias que chegavam e partiam, passageiros que subiam e desciam, regressando ou partindo para as mais diversas zonas do país e até do mundo. Vieram as melhorias nas estruturas rodoviárias tendo passageiros e as mercadorias passado a utilizar outros meios de transporte, porque eram mais rápidos e confortáveis. Os passageiros da linha do Tua, resumiam-se a algumas dezenas de utilizadores por mês, mas poucos, muito poucos pagantes, pois eram essencialmente reformados e cada vez menos militares. A linha do Tua era assim uma linha em decadência, com pouca manutenção, vindo mais tarde a acontecer o inevitável os acidentes, que podiam ter sido ainda mais catastróficos, embora tivessem sido já em demasia. Uma familia do Vieiro sofreu as consequências desse decadência, pois uma das vitimas era da nossa terra. O Vale do Tua, tem uma das mais belas paisagens do mundo, segundo alguns ambientalistas. Não queria aqui ferir susceptibilidades, mas penso que essas pessoas que dizem isso não conseguem ver mais que um palmo á frente do nariz. Aquilo que me faz aqui escrever, é principalmente pela revolta que sinto ao ver degradar-se a beleza deste vale e nunca ninguém se ter preocupado com isso. Os belos pomares de laranjeiras, olivais e as hortas, deram hoje lugar a terrenos incultos, cheios de silvas, completamente abandonados. Quintas abandonadas, telhados caidos, silvas a sairem pelas janelas de armazens em ruinas, isto é o Vale do Tua na sua grande maioria. Penso que a barragem a estender-se por mais umas dezenas de Km, daria á região outro impulso para crescer. Tornaria possível outros investimentos, traria algo de novo á região, o turismo e principalmente a água que tanta falta nos faz. O Nordeste está a desertificar-se. A linha é centenária é verdade, mas aquilo que se vê das carruagens do metro é a imagem do desalento das populações, refletido nas terras abandonadas. Aqui e ali, ainda algumas hortas cultivadas, algumas por pessoas quase com a idade da linha, mas que brevemente serão também deixadas ao abandono quando da morte dos últimos e verdadeiros duros. A barragem á cota máxima, daria pelo menos outro aspecto á paisagem e relançaria os mais corajosos, numa aventura de investimento já há muito esgotada com a linha. Esses ambientalistas podem ter todas as razões do mundo, mas nós que aqui estamos a residir também temos carradas de razão e a razão seria a nossa, porque nós aqui damos o corpo ao manifesto pela nossa terra. Nós estamos aqui todo ano sem procurar tachos ou fama movimentando-nos em organizações, muitas sem utilidade e que nada de bom trazem para a humanidade. Deixo estas imagens apenas para apoiar tudo aquilo que acabo de dizer. Este prédio rústico pertencia ao Sr. Ministro do Interior do governo do Professor Oliveira Salazar, Dr. Trigo de Negreiros. Era um belo pomar de laranjeiras, com videiras nas bordaduras e algumas oliveiras. Tinha água em abundância, com uma nora, que tantas vezes vimos accionada por uma mula. Era uma delicia espraiar a vista por esta maravilhosa paisagem. Hoje é isto que se vê nestas duas fotos, silvas e ervas daninhas. É francamente desolador de ver para quem ama esta terra. Com a barragem á cota máxima, teriamos a água aqui pelo meio destas silvas e as probabilidades de recomeçar eram muito maiores. Quem aqui não reside e que aqui vem apenas uma ou duas vezes na vida, não conhece a realidade nem a tristeza que se esconde atrás destas paisagens e desta linha digna apenas de um museu. Esta decisão faz-me pensar no ditado popular, “PARA CÁ DO MARÃO, MANDAM OS QUE CÁ ESTAO”, mas não é assim, quem nos comanda para o bem e para o mal continua a ser Lisboa.
JH.

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